terça-feira, 20 de novembro de 2012
Plantámos o nosso império em correrias tresloucadas, colhemos frutos na melancolia que as árvores tinham, colhemos frutos no sedentarismo de suas raízes....incontáveis aves que se sobrepunham ao solo e voavam, foram como esperanças de ti, querias que andassem, desejavas que partilhassem, comentassem contigo a História- e todos sabemos da idade média, científica, empírico-cronológica das árvores- juntando a tudo este resto, esperavas ainda que trauteassem a teu contra-tempo, compasso propriamente dito, cantarolares populares de menina pois tinhas a certeza que as sabiam de cor- mas trautear, estamos todos cientes do conhecimento da pouca mestria das árvores no que respeita à fala, quanto muito respira, factos de igual caráter empírico-cronológico, bem.....suspira, e nestes dias que presencio já ofegante, com muita dificuldade: consciencializámo-nos, já passava da tarde tardia, havíamos tomado o lugar do coração por um ordinário, azedo fruto (são os frutos quem murcha )........mais tarde, passando a tarde mais tardia.....
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Sentas-te por cânticos de horas raras, breves, e incontinentes, e agachas-te numa sensação hereditária a cada maré, daquela que traz espuma subornada às linhas artisticamente delineadas da sedimentar que é a areia- um dia disseram que foram pavimentadas por lágrimas da insónia do luar- acreditei, a sabedoria popular é inquestionável (...)
pessoas, e são invólucros de carne degenerando, tabaco suponho, débeis, no entanto andantes pensativas
.....e por mais belas que sejam, tenho sono, caio num profundo lugar de telas ambíguas, amplas galerias, e esqueço-te, nem névoa, nem vulto.
pessoas, e são invólucros de carne degenerando, tabaco suponho, débeis, no entanto andantes pensativas
.....e por mais belas que sejam, tenho sono, caio num profundo lugar de telas ambíguas, amplas galerias, e esqueço-te, nem névoa, nem vulto.
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Passa o incómodo num tempo que já ninguém se lembrou de contar, tornámo-nos tranquilos em analogias perfeitamente pensadas, finalmente! Tomámos consciência e uma compostura intransigente por almas que nunca encontrei e escapámos dos ressaltos nos passos que somos, irritantes do intangível que ficam à medida que conhecemos o cómodo do referido incómodo e o dócil. Olhaste-me com aparato, assim, num repentino como o desencadear com que esfrego as palavras, tinhas percebido algo, devolvi o toque: "o escritor sangra à secretária, pinga o papel, cultos que nos foram passados, e o leitor usa os mesmos pensos do poeta".
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
São roucas as vozes que ouves quando queres tomar o mundo, e eu consigo suster-me apenas na indignação dos teus esboços a carvão e de uma dor no peito, próxima do amor, mas não no coração, jamais o cansarias de novo com brincadeiras desonestas, aflige-me essa parte. Partimos, deixámos lembranças aos outros, com um beijo seco disse-te que os dias frios que sentias eram apenas uma fase, que eras forte, que eram brancas as cores das rosas que plantava ao pátio, felizmente sorriste, sempre foste mais de gostar de rosas brancas, dizias que o encarnado era para amantes sem vergonha, poetas apaixonados, e todos os outros homens mais comuns que eram fracos porque um perfume de mulher lhes tinha tirado a sanidade, amo-te, arranjavas mil desculpas para não te dar uma rosa vermelha...."Poeta que ama é poeta burro."
......puxei-te mais uma vez para meu lado, peço-te agora mil e mais um perdões pela brutalidade que pus no ato, perguntei-te por outro beijo, não mo negaste, afirmaste que foi por favor mas lá o fizeste.
Ainda hoje, uso a mesma roupa, uso o mesmo penteado, o tom de pele manteve-se como a barba apenas um pouco mais longa....os céus tardam, e uma resposta por teu nome manteve-se, bem longe.
......puxei-te mais uma vez para meu lado, peço-te agora mil e mais um perdões pela brutalidade que pus no ato, perguntei-te por outro beijo, não mo negaste, afirmaste que foi por favor mas lá o fizeste.
Ainda hoje, uso a mesma roupa, uso o mesmo penteado, o tom de pele manteve-se como a barba apenas um pouco mais longa....os céus tardam, e uma resposta por teu nome manteve-se, bem longe.
sexta-feira, 12 de outubro de 2012
Desdenho no entanto arte, pelo sedimentar desconhecimento das definições, frágil e empiricamente julgável infortúnio, ou não, como ouso a comentar, apenas um grito confiante da falta de destreza, ou por ela, para mim, enfim, são tão inteiros para o questionar, prometedora ação para um mendigo da palavra, que apenas em um verso cristalmente cantado passe a príncipe da saudade das ruas e das padarias onde o povo tagarela traqueja o pegar no pão, o saborear o cheiro e tantos encantos que são por si uma visita ao simpático padeiro da esquina. Gosto deste mendigo, difamam-no e é o melhor poeta, porque ao contrário de todos os deturpos que no fim desvendamos ser, ele resigna-se a ver isso, é tanto mais, ele caminha sob os pés nus que lhe deram, e recusa-se a calçar a mais velha havaiana, qual o melhor linguísta senão aquele que descalço sente a chuva que caiu, a última planta que floriu, o socalco e pegada sem qualquer sola ou derivados? Somos tão diferentes dele, contudo achamo-nos na obrigação de lhe dar a caridade mais conveniente e suja, não o tomem por sujo, no fundo, somos uns inseguros e ocultámos, mas atente-se na insegurança, é a parte mais humana da alma.
sábado, 6 de outubro de 2012
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
Tocam baladas de uma ceia inerte que foram tantos corpos largados ao mar, ou deixados ao relento num estendal que foram as peles separadas dos espíritos que ainda gritavam alguns versos antigos, fala a cachaça por politiquices dos mais insólitos; abrem os olhos então, nada de reflexos muito bruscos, foram bem lento no cru significado do lentamente, sentimento insosso de uns ossos quebrados, tentavam apenas clarear uma imagem que se atravessasse, algo importante que por detrás da compostura faltasse.
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
domingo, 2 de setembro de 2012
Tornaste no tão distante passos leves que humildemente deste, mas foi tal o contra-censo das palavras mais simples que te afogaste em próprios gritos, arfaste por nomes que já não te eram nada, mordeste o lábio por recordações indigestas, tremeste por razões inseguras, de boca seca, expressaste o amor na forma que te foi rosa no deserto ou oásis de outros retratos.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Deturpados, sejam sim desfigurados, os corrompidos perdidos afastados, o belo do grisalho que te guardo, esse jamais o seja com os devidos lamentos para os que se ficam em me desacreditar, agreste no meio mais sedoso de o ser, mas agreste é bom, disseste que o gostavas no falso-ingénuo que tímido não conto.
Sentimos pelas facetas que à festa da cidade se nos mostraram, ressaltos inanimados que no fundo percebemos o que somos, sobressaltos em arrelio frenético, subconscientes e uma estrada vazia, talvez inacabada por quem nunca o quis que a chuva molhasse, limitou-se, fez-se fronteira do que lhe disseram que fosse, assumiu uma perpetuidade, apenas no alheio que o fizesse, apenas no alheio que o reconhecesse.
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
sexta-feira, 27 de julho de 2012
sábado, 21 de julho de 2012
Escasseias neste compasso de tempo, dissipas, esqueces o nublado céu da cidade, faz-se noite e o meu pescoço resmunga sintomas de uma gripe com teu nome. No quaternário compasso de que falo, seja humilde, és frescura e alívio das estações de que é o ano, pauta e aroma dos cabelos que deixas soltos ao ambiente de nosso encontro pois sabes que os adoro desse jeito, sorrimos ao compromisso que as nossas mãos dadas nos deixaram, agonia, desconforto, a estrada é larga e não arranjo passadeira, como é nostálgico este lado do passeio, aceno e espero-te, jamais esqueço, intrigou-me e agreste o teu revirar do olhar, saturei, e choro, bateste-me à porta e apressei-me para me apaixonar mais uma vez, o céu até ajudou e cantou nesse dia, beijaste-me e retiniste um perdão dos lábios.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
Torna-se o ecrã, o mero da película do visor, já tão cheio de impressões que choram pela foto que vejo, e doridos os dedos, dói a pele, dói pelo que está mas falta, o corpo cede enfim, cedo eu, nunca o sentimento havia passado pelo opaco diante mim, não tanto como agora, encarnas o objeto e conquistas-me, fraco eu e cedo, ceder, nada me prende, me arrasta mais, é este objeto, és tu, sempre tu, chapéu de sol, agridoce lágrima que que se escapa, faca nos dentes, citações de poetas, faltas-me ao lado.
Esperavas, tanto orgulho, constantes algébricas, que ele desse à luz na cadeia, amarra-me os cabelos, arde, já a Ursa Menor o dizia frustrada, jardins do poema e pecado e tu, cinema e escuro nós dois, europeu por certo...engasgou, vomitou, tornaste-te vómito, talvez ferida aberta, cicatriz, e não sara, e o filme encrava constante mente, faca e rasga a integridade, sem legendas, pois às cegas me cegaste, centeio, madrugada, remendos, espinhos e carne picada.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Congelou, tornou-se homem-estátua por fim, esqueceu o ópio de que foste a euforia, o cigarro que o pensava, toda a corrente que o fazia calor, paixão, emoção por ti, tão só por tua identidade de cores e espetros, arcos de luz, sinédoques e eufemismos, sangue do teu que bombeava a recordação de teu rosto, e já doutro jeito não se remediava, evocava o teu corpo. Mas como foi que do desespero se sentou, mandou um grito e se apeou, cerrou os dentes e aceitou, como foi que passou o enjoo, a náusea e a insónia que foi o teu primeiro nome, tombou e as forças que já se julgavam perdidas fizeram-se amigas, e nesta circunstância de aperto e de alívio, rasgou o Inverno em que não exististe.
terça-feira, 10 de julho de 2012
O amanhecer, o acordar despido, talvez a transparência não seja de todo o teu dom, mas o ruído que soou de nós, prevalece a chama e a poeira, a ponte velha, os estábulos e o dono do café da esquina, ouviu-se mais longe, foi Fernão Gaivota, voou mais alto no meio de multidões e cantantes, sobrevive a lotus púrpura, champô que usas e eu não esqueço, trago framboesa, adormeces em meu ombro, esqueces as destrezas e as proezas da tarde que fomos, canto-te Shakespeare....somos tarte e guloseima.
sábado, 7 de julho de 2012
Vastos são os parágrafos, poética e cantigas que testemunhamos no avarento de uma janela aberta, haja vento, enfim, coisas que a inspiração insiste em pegar. Perdi tudo quando me deixaste, esqueceste-te de a fechar novamente quando saíste, eu percebo, querias experienciar por uma última vez a brisa que a manhã preserva como te era de hábito certamente- agora, é um branco leite sentimento o que vejo.
Abracei-te pela primeira vez, até o rio ao pé da vila parou o rumo do natural, tanto aparato por te ter em meus braços primeiramente, foi bom, foi sublime, foste sublime, pela virgem ocasião troquei as sensibilidades, os ambientes experimentados, os Invernos em que te encontrava composta com o que o quotidiano pedia, alinhada em todos os compassos, e bela, sempre num agoniante zumbido de estares acompanhada, tão equivocado eu com o que é incontornavelmente previsível. No momento, até já censurava do que me ocorria, pecado, quem, espectador assíduo e minimamente a par do que naquele segundo quente minha mente espirrou o não diria pecado? Acreditemos no espaço que a hipotética sustém, assim o oculto. Numa síntese que esta fútil memória que me trai exige à grafite saciando pelo erótico, exijo-o, exijo-o por ti, sussurro que te saboreei com os braços, as mãos, toda a massa muscular de que me dispunha na posição de nós que descrevo, todos os traços, linhas e contornos do divino de que te fazes efetivamente musa; contemplei o cheiro que é tão teu em meus olhos que de logo se cegam na luz que comportas em teus caracóis escuros, inalei o doce que retiniu de teus dentes cândidos quando soltaste o cremoso que dispuseste no simples "Adeus"... Ofeguei, ouvi as fraquezas a gelarem-me o tecido, derramei.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Partes separadas, madeira farpada, sentaste-te nas escadas que o Fevereiro deixou para ti, esqueceste as flores do jardim que não foram regadas, mas sorriam para ti, esqueciam os raios de sol que teimavam em ausentar-se, abraçavam a sombra e a conveniência que lhes era dada, mas pobres, privadas do teu afeto que as grades do teu sentimento reprimido transparentou, dessas mãos que poemas guardava entre as unhas mas o faz-de-conta dessa água velha que das pálpebras borradas a negro corria insultou, nuvens de fumo, tua alma ingrata com o coração que te dei, tantas jangadas atadas a compaixão linhas eucalipto, tinta corroída, branco ou pintada a fluorescente, deitaste-o ao rio. A saudade que cravaste na seiva das plantas que já morrem, persistem tão frágeis apenas da pouca água que me deixaste nas folhas, a hemorragia que me não saraste e agora escrevo, sofre o papel da folha com cada interrogação que faço, mas enfim, às margens do Tejo o vento ainda consegue chegar, embora já exausto, já gasto também, já povoado pelo sargaço que foi com as minhas cartas rasgadas.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Conheci um homem, o homem que mais olhares de repugno e nojo levou de quem se aventurava a mirá-lo, tiveram a decência de rotulá-lo como vagabundo, o degredo e a podridão no Homem, o desleixe da Criação e tantos insultos bíblicos. Apesar de tudo, e como o mais pequeno homem é sonho, e pequeno só mesmo o sonho do homem tacanho, ele não se fazia a exceção: de noite tardia, partilhava e mexericava com as pedras da calçada, e com musgo que algumas já se faziam acompanhar, a sua crua vontade que lhe despertava de fumar a tocha olímpica, talvez noutra altura, enfim, a noite castiga aqueles que mais vulneráveis deixou o dia. Seja eu o homem que descrevo, que mais ninguém se lembrou de tal, nem o tempo se dignou de procurá-lo, mesmo a sombra lhe ofereceu desprezo; seja eu o homem que descrevo, escrevo, tão imensamente sóbrio da tua saudade, não te peço que me dês a mão, de todo espero que me aceites, fico-me por esperar que leias quem sou.
Escrevo, com um esboço de ti que fiz ao lado, o meu talento para o desenho não te favorece muito, o quanto é mísero o resultado destes tristes rabiscos, sentem a tua falta eles. Inclino-me sobre a secretária, que velho cheiro a sobreiro me ressalta, não será sobreiro, não sei, a tua imagem ocupa o grande espaço do meu cérebro, a outra, reserva-se às memórias que tenho contigo, enfim, as botânicas não me definem. Abro a janela, na esperança que me caia uma folha ao parapeito, uma lembrança que o acaso me pudesse oferecer, cenas clássicas que muito cinema ainda preserva, talvez protagonizasse um momento de inspiração do autor apaixonado, sejas tu a protagonista da minha folha de papel, és com certeza, a diva de todas as atenções, a razão do meu argumento. Filmemos à italiana, à francesa, escolhamos o cenário: Paris de Casablanca, Roma num dia de chuva... Escrevo, sim, desespero pelo dia em que foste em cada vírgula, cada ponto final contém um grito que lacrimejei, deixas me em reticências, escorreste-me dos dedos e contigo levaste as mãos que sempre desejei que estivessem dadas às minhas, que apesar de imundas, te amam. São os pombos quem agora canta a nossa história nos lampiões que a tarde deixou desligados.
Já tão cansados e fracos estão os meus dedos, já pesa o esforço, mas recuso-me a parar, o quanto tem sofrido o teclado com o teu nome que temo em escrever constantemente, incessantemente, até já lhe ponho pensos com as tuas iniciais, coitado, talvez alivie algo. Encontrei-te, já estás em mim, jamais te largo, não, jamais te deixo partir.
Contaste-me a história do vendedor de harmónicas da praça onde passávamos as tardes já tardias, feitas à mão segundo dizias. Sussurraste-ma ao ouvido pois era só para mim ela, o quanto de mim levaste nesse momento em que em poucas frases soltaste o quente dessas cordas vocais, tão próximos estavam os teus lábios de mim. Disseste-me que ele passava as manhãs na nossa praia contando as gaivotas e colecionando as conchas que davam inocentemente à costa, o encarnado dos teus lábios jurou que era para encontrar aquela onde se escondera sua amada, sim, havia-a perdido há muitos Invernos já esquecidos na areia onde o mar vem beijar, esperava-a que viesse nas ondas onde vêem tantas algas. Disseste-me ainda, sempre nesse teu tom de segredo que me conquista, que de tarde, após tão árdua busca matinal nos terrenos mais costeiros, começava a esculpir a harmónica, sim, a música que sai da praça é-nos tão comum amor, a harmónica que tivesse o som que chamaria por ela, apenas uma conseguiria tal feito, e o homem jamais se cansaria de tentar, por ela, a sua, apenas uma coincidiria com seu perfume, e o homem jamais se esquecera de seu odor. Amor, estou na praça, hoje, não te tenho a meu lado, o homem incessantemente toca, tenho a música- não consegues ouvi-la? Faltas-me tu, aqui sentando ao largo do chafariz te espero, também esculpi a minha harmónica- ouves alguma coisa? Aparece por favor.
Mais uma vez, levaste-me com teu perfume. De mim, fizeste cordeiro de teu rebanho, escravo, por fim, de teu encanto e cabelos soltos. Dos longínquos horizontes fizemos rios, onde à costa caminhamos; da mais distante serra fizemos praia, onde sobre a areia acolhedora e brisa nos beijámos; todos os ventos, estrelas de neutrões, galáxias sobrepostas fomos maiores, deitados na nuvem sobre tudo divina.
O pináculo da tua catedral, o teu pedestal desejado, as gárdulas e as estalagmites do teu ser...estou disposto a todas. A objeção por mim demandada, sê minha, sê tua, deixa-me adorar a tua sombra, seguir os teus amores. Figurante de cabelos molhados, deixa-me soltá-los, o cenário do nosso drama e de todas as comédias.
Juntos, num suspiro consentido, por entre as dunas deitados, por entre sabores salgados salteados, último bocejar do Sol, luz das velas, trauteando os versos de Bowie adorados, nós amados, despoletámos o beijo, o teu riso, o teu luar, a paixão num inocente mimo, um abraço, um aperto mais apertado. Fez-se a calada anfitriã, vítima de nós, enfim, Gallagher entra na nossa sinfonia que as estrelas vão cantando.
Vi-te passar a rua ontem, como embelezas o jardim da cidade, eu sei, não te falei, quis evitar ambientes constrangedores para ti, como me completas, quis evitar aqueles momentos em que não te digo uma palavra, em que apenas me limito a render-me ao teu labirinto do olhar a cada segundo que me tocas com esses doces avelã que tão fatalmente levas contigo nesse teu rosto que me arranca pedaços aos bocados. Não falei, mas quantos gritos dei por me cruzares a vista nessa tarde, por me lavares apenas ao ver teu cabelo solto ao vento a passar a estrada, penso que até os carros pararam, ignoremos pormenores irrelevantes como os semáforos vermelhos, gritei, esbocei nos lábios um sorriso, relembras-me a definição do belo, todos os dicionários e enciclopédias concordam comigo, escreveram-na com uma foto tua ao lado, o quanto me reescreves.
terça-feira, 3 de julho de 2012
Lembro o pescador que chora ao ver o pôr-do-sol em horizontes com o teu nome, e desenha o teu rosto nas nuvens enquanto limpa a cara com aquelas mãos velhas e salgadas que o árduo esforço não perdoou. Já salgadas também são as lágrimas que tendem a salpicar-lhe dos olhos enrugados da distância que te detém, cada músculo soletra o teu corpo. Ele jamais te esquece, nem eu.
Penteiam os socalcos, elas, soltam os cabelos, elas, tu assistes, tu regalas tudo que é teu, mas presentes do que sofres continuam, nunca as achas cruéis, talvez molhem o cabelo para ti, talvez te cantem algo ao ouvido, um abraço, dois, apertam-te tanto a pulsação, cobrem-te tanto de ilusão- tomas-te de apaixonado, tomas-te de amado, por tanto do odor feminino és gozado, compreende-se, não estás em ti, não estás sóbrio da mulher.
A fechadura trancada, todos batemos no fundo, mas de medo, escondemos-nos atrás do que é "legal", do que os outros já te deram, esqueces a língua, sim, chega a ser o músculo mais forte que possuis, mas és-lhe indiferente, todos de pó branco nos dedos, acalmem os parentes, é da puta do pó da máquina de lavar roupa.
domingo, 1 de julho de 2012
Beija, abraça-me enquanto te elevo e fazemos a dança para o livro de tua infância ver. Rodopiamos ao som da memória, rimos ao som da saudade, rimos ao som do que já não se ouve e é o olhar que escuta, nossos lábios incandescentes na escuridão tão nossa ardente, e lindos são os teus lábios- Posso provar?
Momento, armas brancas e porco preto, sinfónica e mais um soneto, alterne, bagaço, psicopata tão eu e bofetadas, timbre, tuas pernas depiladas, rasgo perante um desmaio, acordo num amanhecer já por si anestesiado...proveta, catrineta e tantas naus, sentença e de novo depilação, pilar, overdose e cadáver ao vento louvado, charuto no dente e rompe criação.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
terça-feira, 26 de junho de 2012
Sinto a necessidade de esticar a corda, de romper a conveniência, todos os números e alfabetos, de rasgar a rotina de críticas indiferentes, palavras cruzadas e passatempos de introspetivas magazines- é claro que suspiro e engulo todas as incertezas e entranhas do meu seco acordar. Leva-me, toca-me... Ou não, restrinjo todas as possibilidades, ou não, calo todas as gotas que questionam o meu estado matinal, ou não, evito pensar no assunto, ou não, quero-te acima de tudo, ou não, que assaltem as moscas e todos os insetos repugnantes a minha mente sedenta pelo fruto que és, ou não, assisto à minha componente de queda.
Caminhaste até mim e contigo trouxeste o cristalino da mera manhã de que tomaste o genuíno. O teu lábio de encarnada cerejeira contemplava o sinal que me desacreditava a postura e a demência. E eu sorria, e sorrio- quero provar o batom que quando o momento exigia da tua mala sobressaía- e é assim, a tua imagem desde sempre cuidava de um olhar, sim, discretamente consentido, mas foi necessária a irrepreensível entrada nos nublados de Janeiro para despertar a maior satisfação, e timidez, e insegurança, mas satisfação. "Olá, tudo bem? Que escreves?" O simples, o mais comum e o mísero, fizeste-te sublime.
Your lips asked for us, we were all music in that moment, dances by bright lignts, laughts and other thoughts by candle shadows, and closed windows. We all sought shelter in that kiss, those arms that embraced you, and I, bittersweet as spice touch of yours, my favourite dish while the Moon seeds the day.
domingo, 24 de junho de 2012
Sendo eu rude, seco e carne crua, sendo eu podre, concedes-me o sonho pelo teu céu da razão, o teu mimo de constelação? De imediato não respondas, aprecia este momento em que por fim nos tocámos com o olhar. Não hesites no que vais dizer, garanto que faço do improviso minha arma para conquistar teu sorriso, amor.
Todas as sinfonias em teus lábios retiniram, todas as caravelas quinhentistas ofuscaste e marés do Vasco fizeste tão tuas. O meu adamastor domaste apenas com a certeza do odor de teu véu- cântico de sereia e pôr-do-sol à praia alentejana. A inocência pousou quando plantaste a minha semente de tília, seja cidreira o que levaste do pimentão do meu jardim: ainda lembro o retrato em areia branca da nossa música.
A palavra, o poder de te dar a pele de musa, ou escamas de medusa. O beijo, o teu beijo, a força que faz ruir a mais imponente montanha com a maior leveza e delicadeza do desejo de teus lábios. Com a palavra posso criar a mais cruel ilusão acerca do teu raio-de-sol, mas todo o meu corpo, fraco, rege-se por todas as emoções e canções do teu beijo. Tu, minha crença, minha fé adorada, concede-me a dança da tua companhia.
Como podes tu, alheia ao meu sufoco, meu olhar entardecido e exausto, ser o meu carinho materno, minha mão estendida, meu reluzente beijo de uma chávena de café? Em mim, criaste um espaço em êxtase na alma, um sorriso infinito em nossos olhares cruzados. Amor, já te disse que te amo? Amor, tens em ti todo o orvalho do fiel Inverno, abranges todos os campos de trigo, guardas em ti toda a beleza de uma dança à luz das velas. Todo o calor, toda a paixão do mundo, está tudo em teus doces passos, em tua silhueta cuidada, em teus delicados cabelos de negra perfeição, negros, mas a luz do meu prazer. Em tuas mãos, cuidadosamente esculpidas, o teu toque, o teu riso...deixas tombar as minhas serras, trocas os sentidos dos meus ventos, atrapalhas o curso do rio que em mim resguardo. Tudo, bem levemente, pousa a teus pés, eu vagabundo, como uma pena do cinema guiada por teu charme, detentor da frescura de um odor mediterrânico. Amor, já te disse que te amo?
Contextos, areia branca, falésias do teu encanto, as represas e os estábulos de mim, de ti, brisa do teu calor que me colhe, maduro fruto, doce aroma, todo o centeio e orquídeas bailando: o teu primavril ser. Tal anseio, perdição estendida, o pedestal dessa pele negra, a tua espuma branca e gaivotas à beira-mar... Ai, sim amo-te, espero pelo teu luar, pela tua chuva de canela assente, a tua luz agridoce e o ciano de tua voz: como te desespero...
Curvo-me pela crença do meu ser pouco poeta: impotente eu, que o engenho louvado da escrita repele, impotente eu, que não te tenho na minha métrica, impotente eu, refém de manhãs escuras e madrugadas geladas, impotente eu, de mãos suadas, saliva e mágoa, tal mágoa. Idolatro quem me leva todos os ventos e demónios, o fôlego, o suspiro, a percepção do que me rodeia e acolhe...quem me turva a visão, quem me exorciza as miragens: sim, foste sempre tu.
Tão nosso, receamos pela tarde que era nossa, tão tu, leve, o cinzeiro já namorava os cigarros que sem mais demora pousámos, o Sol, e as pensativas nuvens davam lugar às estrelas da tarde e às galáxias mais distantes que nos espreitavam. Gentis elas, pentearam-te e prepararam-te para a noite cada vez mais vizinha, e era nossa a noite, nós éramos finalmente nossos, todas as equações e perfume, marés e a dita praia Lusitana, os anciãos poetas, trovadores e Leonard Cohen. Tudo fomos nós, soaram os tambores e as badaladas, tiveste a delicadeza de me tocar a harmónica que em tua bolsa envergonhada guardaste para mim, a tua harmónica, que foi nossa nessa hora, melhor concerto, sim, que nada o pudesse superar, de facto, fomos nós, amores, abraços, danças. Fomos finalmente nós, amor.
Uma pena, sim, uma pena, sim, apenas um eufemismo do meu aperto, é cristalina a água de teu peito? Um aperto. Podíamos juntos ter procurado o Sol poente, juntos, podíamos ter percorrido todos os teus bairros e casas de Fado que a noite chora e a tua calçada namora, todas as estrelas da tarde podíamos ter fascinado, mas não, tudo para ti foi pouco, estavas muito longe para me ouvir, tal a parede que me obstruía, muito cega para importar. Que o teu mar te ame o que eu nunca pude, "insuficiente", rótulo de minha ridícula figura. Estou ferido, e contra todas as conveniências de ti amada sangrando. Chove, chove imenso... e é uma pena.
Faço questão de jogar a tua roleta, de vestir a tua pele frágil de vaidade revestida. Céu azul sobre a alentejana costa. Brisa doce por entre as folhagens do de Leiria. Odor limpo e sumarento de teu perfil levemente cuidado. Mereces o suor apaixonado. Faço questão de saborear teu mel, luz sobre o rio que te amena, pôr-do-sol, peito do teu olhar. Entretanto, enfim, roleta.
Interrompi o andar e os sonetos que me soavam, o meu queixo estranhou e revirou o olhar direção ao celeste, contemplava tais constelações e orações em ordem a ti. Sim, conheço-te pelo som dos meus passos, a calada e a madrugada de todo tiraram a frescura à memória que sempre que te recordava. Acho que te amo, amores salgados e teu toque avelã, violeta.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Sinto a necessidade de esticar a corda, de romper a conveniência,
todos os números e alfabetos, de rasgar a rotina de críticas
indiferentes, palavras cruzadas e passatempos de introspetivas
magazines- é claro que suspiro e engulo todas as incertezas e entranhas
do meu seco acordar. Leva-me, toca-me... Ou não, restrinjo todas as
possibilidades, ou não, calo todas as gotas que questionam o meu estado
matinal, ou não, evito pensar no assunto, ou não, quero-te acima de
tudo, ou não, que assaltem as moscas e todos os insetos repugnantes a
minha mente sedenta pelo fruto que és, ou não, assisto à minha
componente de queda.
A água, o momento ocorrido em muitos, mas em muitos ignorado, a
crítica infiel, o palhaço do circo da nossa infância. O cravo por muitos
adorado, a inocência mais conveniente, a humildade mais modesta, a
oportunidade ausentada e os oportunistas da razão, a chaminé de todas as
almas, a dança. A emoção já calada, a palavra então assustada, um café
mais amargo, muitas ondas e marés de orgulho à indiferença, e o orgulho
por indiferença decapitado. Linhas paralelas, direções opostas, rumos
intocáveis, o segundo demorado, a identidade desfeita. O contraditório e
a redundância absoluta, a lógica decadente; miragem, cai a última folha
de Outono, já nem te vejo: estou cego, estou cego...
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