quarta-feira, 4 de julho de 2012

Escrevo, com um esboço de ti que fiz ao lado, o meu talento para o desenho não te favorece muito, o quanto é mísero o resultado destes tristes rabiscos, sentem a tua falta eles. Inclino-me sobre a secretária, que velho cheiro a sobreiro me ressalta, não será sobreiro, não sei, a tua imagem ocupa o grande espaço do meu cérebro, a outra, reserva-se às memórias que tenho contigo, enfim, as botânicas não me definem. Abro a janela, na esperança que me caia uma folha ao parapeito, uma lembrança que o acaso me pudesse oferecer, cenas clássicas que muito cinema ainda preserva, talvez protagonizasse um momento de inspiração do autor apaixonado, sejas tu a protagonista da minha folha de papel, és com certeza, a diva de todas as atenções, a razão do meu argumento. Filmemos à italiana, à francesa, escolhamos o cenário: Paris de Casablanca, Roma num dia de chuva... Escrevo, sim, desespero pelo dia em que foste em cada vírgula, cada ponto final contém um grito que lacrimejei, deixas me em reticências, escorreste-me dos dedos e contigo levaste as mãos que sempre desejei que estivessem dadas às minhas, que apesar de imundas, te amam. São os pombos quem agora canta a nossa história nos lampiões que a tarde deixou desligados.

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