Vejo pessoas separadas, insolvência de um estado de alma mais perpétuo, humores benévolos que vemos distorcer na distância exaustos, a inconsciência do inanimado, o carente no consistente dos trajes ousados que somos.
Casca tubarão, dízima, mascarada, cera
...........cerne crisma acne cinza.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
sábado, 21 de julho de 2012
Escasseias neste compasso de tempo, dissipas, esqueces o nublado céu da cidade, faz-se noite e o meu pescoço resmunga sintomas de uma gripe com teu nome. No quaternário compasso de que falo, seja humilde, és frescura e alívio das estações de que é o ano, pauta e aroma dos cabelos que deixas soltos ao ambiente de nosso encontro pois sabes que os adoro desse jeito, sorrimos ao compromisso que as nossas mãos dadas nos deixaram, agonia, desconforto, a estrada é larga e não arranjo passadeira, como é nostálgico este lado do passeio, aceno e espero-te, jamais esqueço, intrigou-me e agreste o teu revirar do olhar, saturei, e choro, bateste-me à porta e apressei-me para me apaixonar mais uma vez, o céu até ajudou e cantou nesse dia, beijaste-me e retiniste um perdão dos lábios.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
Torna-se o ecrã, o mero da película do visor, já tão cheio de impressões que choram pela foto que vejo, e doridos os dedos, dói a pele, dói pelo que está mas falta, o corpo cede enfim, cedo eu, nunca o sentimento havia passado pelo opaco diante mim, não tanto como agora, encarnas o objeto e conquistas-me, fraco eu e cedo, ceder, nada me prende, me arrasta mais, é este objeto, és tu, sempre tu, chapéu de sol, agridoce lágrima que que se escapa, faca nos dentes, citações de poetas, faltas-me ao lado.
Esperavas, tanto orgulho, constantes algébricas, que ele desse à luz na cadeia, amarra-me os cabelos, arde, já a Ursa Menor o dizia frustrada, jardins do poema e pecado e tu, cinema e escuro nós dois, europeu por certo...engasgou, vomitou, tornaste-te vómito, talvez ferida aberta, cicatriz, e não sara, e o filme encrava constante mente, faca e rasga a integridade, sem legendas, pois às cegas me cegaste, centeio, madrugada, remendos, espinhos e carne picada.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Congelou, tornou-se homem-estátua por fim, esqueceu o ópio de que foste a euforia, o cigarro que o pensava, toda a corrente que o fazia calor, paixão, emoção por ti, tão só por tua identidade de cores e espetros, arcos de luz, sinédoques e eufemismos, sangue do teu que bombeava a recordação de teu rosto, e já doutro jeito não se remediava, evocava o teu corpo. Mas como foi que do desespero se sentou, mandou um grito e se apeou, cerrou os dentes e aceitou, como foi que passou o enjoo, a náusea e a insónia que foi o teu primeiro nome, tombou e as forças que já se julgavam perdidas fizeram-se amigas, e nesta circunstância de aperto e de alívio, rasgou o Inverno em que não exististe.
terça-feira, 10 de julho de 2012
O amanhecer, o acordar despido, talvez a transparência não seja de todo o teu dom, mas o ruído que soou de nós, prevalece a chama e a poeira, a ponte velha, os estábulos e o dono do café da esquina, ouviu-se mais longe, foi Fernão Gaivota, voou mais alto no meio de multidões e cantantes, sobrevive a lotus púrpura, champô que usas e eu não esqueço, trago framboesa, adormeces em meu ombro, esqueces as destrezas e as proezas da tarde que fomos, canto-te Shakespeare....somos tarte e guloseima.
sábado, 7 de julho de 2012
Vastos são os parágrafos, poética e cantigas que testemunhamos no avarento de uma janela aberta, haja vento, enfim, coisas que a inspiração insiste em pegar. Perdi tudo quando me deixaste, esqueceste-te de a fechar novamente quando saíste, eu percebo, querias experienciar por uma última vez a brisa que a manhã preserva como te era de hábito certamente- agora, é um branco leite sentimento o que vejo.
Abracei-te pela primeira vez, até o rio ao pé da vila parou o rumo do natural, tanto aparato por te ter em meus braços primeiramente, foi bom, foi sublime, foste sublime, pela virgem ocasião troquei as sensibilidades, os ambientes experimentados, os Invernos em que te encontrava composta com o que o quotidiano pedia, alinhada em todos os compassos, e bela, sempre num agoniante zumbido de estares acompanhada, tão equivocado eu com o que é incontornavelmente previsível. No momento, até já censurava do que me ocorria, pecado, quem, espectador assíduo e minimamente a par do que naquele segundo quente minha mente espirrou o não diria pecado? Acreditemos no espaço que a hipotética sustém, assim o oculto. Numa síntese que esta fútil memória que me trai exige à grafite saciando pelo erótico, exijo-o, exijo-o por ti, sussurro que te saboreei com os braços, as mãos, toda a massa muscular de que me dispunha na posição de nós que descrevo, todos os traços, linhas e contornos do divino de que te fazes efetivamente musa; contemplei o cheiro que é tão teu em meus olhos que de logo se cegam na luz que comportas em teus caracóis escuros, inalei o doce que retiniu de teus dentes cândidos quando soltaste o cremoso que dispuseste no simples "Adeus"... Ofeguei, ouvi as fraquezas a gelarem-me o tecido, derramei.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Partes separadas, madeira farpada, sentaste-te nas escadas que o Fevereiro deixou para ti, esqueceste as flores do jardim que não foram regadas, mas sorriam para ti, esqueciam os raios de sol que teimavam em ausentar-se, abraçavam a sombra e a conveniência que lhes era dada, mas pobres, privadas do teu afeto que as grades do teu sentimento reprimido transparentou, dessas mãos que poemas guardava entre as unhas mas o faz-de-conta dessa água velha que das pálpebras borradas a negro corria insultou, nuvens de fumo, tua alma ingrata com o coração que te dei, tantas jangadas atadas a compaixão linhas eucalipto, tinta corroída, branco ou pintada a fluorescente, deitaste-o ao rio. A saudade que cravaste na seiva das plantas que já morrem, persistem tão frágeis apenas da pouca água que me deixaste nas folhas, a hemorragia que me não saraste e agora escrevo, sofre o papel da folha com cada interrogação que faço, mas enfim, às margens do Tejo o vento ainda consegue chegar, embora já exausto, já gasto também, já povoado pelo sargaço que foi com as minhas cartas rasgadas.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Conheci um homem, o homem que mais olhares de repugno e nojo levou de quem se aventurava a mirá-lo, tiveram a decência de rotulá-lo como vagabundo, o degredo e a podridão no Homem, o desleixe da Criação e tantos insultos bíblicos. Apesar de tudo, e como o mais pequeno homem é sonho, e pequeno só mesmo o sonho do homem tacanho, ele não se fazia a exceção: de noite tardia, partilhava e mexericava com as pedras da calçada, e com musgo que algumas já se faziam acompanhar, a sua crua vontade que lhe despertava de fumar a tocha olímpica, talvez noutra altura, enfim, a noite castiga aqueles que mais vulneráveis deixou o dia. Seja eu o homem que descrevo, que mais ninguém se lembrou de tal, nem o tempo se dignou de procurá-lo, mesmo a sombra lhe ofereceu desprezo; seja eu o homem que descrevo, escrevo, tão imensamente sóbrio da tua saudade, não te peço que me dês a mão, de todo espero que me aceites, fico-me por esperar que leias quem sou.
Escrevo, com um esboço de ti que fiz ao lado, o meu talento para o desenho não te favorece muito, o quanto é mísero o resultado destes tristes rabiscos, sentem a tua falta eles. Inclino-me sobre a secretária, que velho cheiro a sobreiro me ressalta, não será sobreiro, não sei, a tua imagem ocupa o grande espaço do meu cérebro, a outra, reserva-se às memórias que tenho contigo, enfim, as botânicas não me definem. Abro a janela, na esperança que me caia uma folha ao parapeito, uma lembrança que o acaso me pudesse oferecer, cenas clássicas que muito cinema ainda preserva, talvez protagonizasse um momento de inspiração do autor apaixonado, sejas tu a protagonista da minha folha de papel, és com certeza, a diva de todas as atenções, a razão do meu argumento. Filmemos à italiana, à francesa, escolhamos o cenário: Paris de Casablanca, Roma num dia de chuva... Escrevo, sim, desespero pelo dia em que foste em cada vírgula, cada ponto final contém um grito que lacrimejei, deixas me em reticências, escorreste-me dos dedos e contigo levaste as mãos que sempre desejei que estivessem dadas às minhas, que apesar de imundas, te amam. São os pombos quem agora canta a nossa história nos lampiões que a tarde deixou desligados.
Já tão cansados e fracos estão os meus dedos, já pesa o esforço, mas recuso-me a parar, o quanto tem sofrido o teclado com o teu nome que temo em escrever constantemente, incessantemente, até já lhe ponho pensos com as tuas iniciais, coitado, talvez alivie algo. Encontrei-te, já estás em mim, jamais te largo, não, jamais te deixo partir.
Contaste-me a história do vendedor de harmónicas da praça onde passávamos as tardes já tardias, feitas à mão segundo dizias. Sussurraste-ma ao ouvido pois era só para mim ela, o quanto de mim levaste nesse momento em que em poucas frases soltaste o quente dessas cordas vocais, tão próximos estavam os teus lábios de mim. Disseste-me que ele passava as manhãs na nossa praia contando as gaivotas e colecionando as conchas que davam inocentemente à costa, o encarnado dos teus lábios jurou que era para encontrar aquela onde se escondera sua amada, sim, havia-a perdido há muitos Invernos já esquecidos na areia onde o mar vem beijar, esperava-a que viesse nas ondas onde vêem tantas algas. Disseste-me ainda, sempre nesse teu tom de segredo que me conquista, que de tarde, após tão árdua busca matinal nos terrenos mais costeiros, começava a esculpir a harmónica, sim, a música que sai da praça é-nos tão comum amor, a harmónica que tivesse o som que chamaria por ela, apenas uma conseguiria tal feito, e o homem jamais se cansaria de tentar, por ela, a sua, apenas uma coincidiria com seu perfume, e o homem jamais se esquecera de seu odor. Amor, estou na praça, hoje, não te tenho a meu lado, o homem incessantemente toca, tenho a música- não consegues ouvi-la? Faltas-me tu, aqui sentando ao largo do chafariz te espero, também esculpi a minha harmónica- ouves alguma coisa? Aparece por favor.
Mais uma vez, levaste-me com teu perfume. De mim, fizeste cordeiro de teu rebanho, escravo, por fim, de teu encanto e cabelos soltos. Dos longínquos horizontes fizemos rios, onde à costa caminhamos; da mais distante serra fizemos praia, onde sobre a areia acolhedora e brisa nos beijámos; todos os ventos, estrelas de neutrões, galáxias sobrepostas fomos maiores, deitados na nuvem sobre tudo divina.
O pináculo da tua catedral, o teu pedestal desejado, as gárdulas e as estalagmites do teu ser...estou disposto a todas. A objeção por mim demandada, sê minha, sê tua, deixa-me adorar a tua sombra, seguir os teus amores. Figurante de cabelos molhados, deixa-me soltá-los, o cenário do nosso drama e de todas as comédias.
Juntos, num suspiro consentido, por entre as dunas deitados, por entre sabores salgados salteados, último bocejar do Sol, luz das velas, trauteando os versos de Bowie adorados, nós amados, despoletámos o beijo, o teu riso, o teu luar, a paixão num inocente mimo, um abraço, um aperto mais apertado. Fez-se a calada anfitriã, vítima de nós, enfim, Gallagher entra na nossa sinfonia que as estrelas vão cantando.
Vi-te passar a rua ontem, como embelezas o jardim da cidade, eu sei, não te falei, quis evitar ambientes constrangedores para ti, como me completas, quis evitar aqueles momentos em que não te digo uma palavra, em que apenas me limito a render-me ao teu labirinto do olhar a cada segundo que me tocas com esses doces avelã que tão fatalmente levas contigo nesse teu rosto que me arranca pedaços aos bocados. Não falei, mas quantos gritos dei por me cruzares a vista nessa tarde, por me lavares apenas ao ver teu cabelo solto ao vento a passar a estrada, penso que até os carros pararam, ignoremos pormenores irrelevantes como os semáforos vermelhos, gritei, esbocei nos lábios um sorriso, relembras-me a definição do belo, todos os dicionários e enciclopédias concordam comigo, escreveram-na com uma foto tua ao lado, o quanto me reescreves.
terça-feira, 3 de julho de 2012
Lembro o pescador que chora ao ver o pôr-do-sol em horizontes com o teu nome, e desenha o teu rosto nas nuvens enquanto limpa a cara com aquelas mãos velhas e salgadas que o árduo esforço não perdoou. Já salgadas também são as lágrimas que tendem a salpicar-lhe dos olhos enrugados da distância que te detém, cada músculo soletra o teu corpo. Ele jamais te esquece, nem eu.
Penteiam os socalcos, elas, soltam os cabelos, elas, tu assistes, tu regalas tudo que é teu, mas presentes do que sofres continuam, nunca as achas cruéis, talvez molhem o cabelo para ti, talvez te cantem algo ao ouvido, um abraço, dois, apertam-te tanto a pulsação, cobrem-te tanto de ilusão- tomas-te de apaixonado, tomas-te de amado, por tanto do odor feminino és gozado, compreende-se, não estás em ti, não estás sóbrio da mulher.
A fechadura trancada, todos batemos no fundo, mas de medo, escondemos-nos atrás do que é "legal", do que os outros já te deram, esqueces a língua, sim, chega a ser o músculo mais forte que possuis, mas és-lhe indiferente, todos de pó branco nos dedos, acalmem os parentes, é da puta do pó da máquina de lavar roupa.
domingo, 1 de julho de 2012
Beija, abraça-me enquanto te elevo e fazemos a dança para o livro de tua infância ver. Rodopiamos ao som da memória, rimos ao som da saudade, rimos ao som do que já não se ouve e é o olhar que escuta, nossos lábios incandescentes na escuridão tão nossa ardente, e lindos são os teus lábios- Posso provar?
Momento, armas brancas e porco preto, sinfónica e mais um soneto, alterne, bagaço, psicopata tão eu e bofetadas, timbre, tuas pernas depiladas, rasgo perante um desmaio, acordo num amanhecer já por si anestesiado...proveta, catrineta e tantas naus, sentença e de novo depilação, pilar, overdose e cadáver ao vento louvado, charuto no dente e rompe criação.
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