sexta-feira, 29 de junho de 2012
terça-feira, 26 de junho de 2012
Sinto a necessidade de esticar a corda, de romper a conveniência, todos os números e alfabetos, de rasgar a rotina de críticas indiferentes, palavras cruzadas e passatempos de introspetivas magazines- é claro que suspiro e engulo todas as incertezas e entranhas do meu seco acordar. Leva-me, toca-me... Ou não, restrinjo todas as possibilidades, ou não, calo todas as gotas que questionam o meu estado matinal, ou não, evito pensar no assunto, ou não, quero-te acima de tudo, ou não, que assaltem as moscas e todos os insetos repugnantes a minha mente sedenta pelo fruto que és, ou não, assisto à minha componente de queda.
Caminhaste até mim e contigo trouxeste o cristalino da mera manhã de que tomaste o genuíno. O teu lábio de encarnada cerejeira contemplava o sinal que me desacreditava a postura e a demência. E eu sorria, e sorrio- quero provar o batom que quando o momento exigia da tua mala sobressaía- e é assim, a tua imagem desde sempre cuidava de um olhar, sim, discretamente consentido, mas foi necessária a irrepreensível entrada nos nublados de Janeiro para despertar a maior satisfação, e timidez, e insegurança, mas satisfação. "Olá, tudo bem? Que escreves?" O simples, o mais comum e o mísero, fizeste-te sublime.
Your lips asked for us, we were all music in that moment, dances by bright lignts, laughts and other thoughts by candle shadows, and closed windows. We all sought shelter in that kiss, those arms that embraced you, and I, bittersweet as spice touch of yours, my favourite dish while the Moon seeds the day.
domingo, 24 de junho de 2012
Sendo eu rude, seco e carne crua, sendo eu podre, concedes-me o sonho pelo teu céu da razão, o teu mimo de constelação? De imediato não respondas, aprecia este momento em que por fim nos tocámos com o olhar. Não hesites no que vais dizer, garanto que faço do improviso minha arma para conquistar teu sorriso, amor.
Todas as sinfonias em teus lábios retiniram, todas as caravelas quinhentistas ofuscaste e marés do Vasco fizeste tão tuas. O meu adamastor domaste apenas com a certeza do odor de teu véu- cântico de sereia e pôr-do-sol à praia alentejana. A inocência pousou quando plantaste a minha semente de tília, seja cidreira o que levaste do pimentão do meu jardim: ainda lembro o retrato em areia branca da nossa música.
A palavra, o poder de te dar a pele de musa, ou escamas de medusa. O beijo, o teu beijo, a força que faz ruir a mais imponente montanha com a maior leveza e delicadeza do desejo de teus lábios. Com a palavra posso criar a mais cruel ilusão acerca do teu raio-de-sol, mas todo o meu corpo, fraco, rege-se por todas as emoções e canções do teu beijo. Tu, minha crença, minha fé adorada, concede-me a dança da tua companhia.
Como podes tu, alheia ao meu sufoco, meu olhar entardecido e exausto, ser o meu carinho materno, minha mão estendida, meu reluzente beijo de uma chávena de café? Em mim, criaste um espaço em êxtase na alma, um sorriso infinito em nossos olhares cruzados. Amor, já te disse que te amo? Amor, tens em ti todo o orvalho do fiel Inverno, abranges todos os campos de trigo, guardas em ti toda a beleza de uma dança à luz das velas. Todo o calor, toda a paixão do mundo, está tudo em teus doces passos, em tua silhueta cuidada, em teus delicados cabelos de negra perfeição, negros, mas a luz do meu prazer. Em tuas mãos, cuidadosamente esculpidas, o teu toque, o teu riso...deixas tombar as minhas serras, trocas os sentidos dos meus ventos, atrapalhas o curso do rio que em mim resguardo. Tudo, bem levemente, pousa a teus pés, eu vagabundo, como uma pena do cinema guiada por teu charme, detentor da frescura de um odor mediterrânico. Amor, já te disse que te amo?
Contextos, areia branca, falésias do teu encanto, as represas e os estábulos de mim, de ti, brisa do teu calor que me colhe, maduro fruto, doce aroma, todo o centeio e orquídeas bailando: o teu primavril ser. Tal anseio, perdição estendida, o pedestal dessa pele negra, a tua espuma branca e gaivotas à beira-mar... Ai, sim amo-te, espero pelo teu luar, pela tua chuva de canela assente, a tua luz agridoce e o ciano de tua voz: como te desespero...
Curvo-me pela crença do meu ser pouco poeta: impotente eu, que o engenho louvado da escrita repele, impotente eu, que não te tenho na minha métrica, impotente eu, refém de manhãs escuras e madrugadas geladas, impotente eu, de mãos suadas, saliva e mágoa, tal mágoa. Idolatro quem me leva todos os ventos e demónios, o fôlego, o suspiro, a percepção do que me rodeia e acolhe...quem me turva a visão, quem me exorciza as miragens: sim, foste sempre tu.
Tão nosso, receamos pela tarde que era nossa, tão tu, leve, o cinzeiro já namorava os cigarros que sem mais demora pousámos, o Sol, e as pensativas nuvens davam lugar às estrelas da tarde e às galáxias mais distantes que nos espreitavam. Gentis elas, pentearam-te e prepararam-te para a noite cada vez mais vizinha, e era nossa a noite, nós éramos finalmente nossos, todas as equações e perfume, marés e a dita praia Lusitana, os anciãos poetas, trovadores e Leonard Cohen. Tudo fomos nós, soaram os tambores e as badaladas, tiveste a delicadeza de me tocar a harmónica que em tua bolsa envergonhada guardaste para mim, a tua harmónica, que foi nossa nessa hora, melhor concerto, sim, que nada o pudesse superar, de facto, fomos nós, amores, abraços, danças. Fomos finalmente nós, amor.
Uma pena, sim, uma pena, sim, apenas um eufemismo do meu aperto, é cristalina a água de teu peito? Um aperto. Podíamos juntos ter procurado o Sol poente, juntos, podíamos ter percorrido todos os teus bairros e casas de Fado que a noite chora e a tua calçada namora, todas as estrelas da tarde podíamos ter fascinado, mas não, tudo para ti foi pouco, estavas muito longe para me ouvir, tal a parede que me obstruía, muito cega para importar. Que o teu mar te ame o que eu nunca pude, "insuficiente", rótulo de minha ridícula figura. Estou ferido, e contra todas as conveniências de ti amada sangrando. Chove, chove imenso... e é uma pena.
Faço questão de jogar a tua roleta, de vestir a tua pele frágil de vaidade revestida. Céu azul sobre a alentejana costa. Brisa doce por entre as folhagens do de Leiria. Odor limpo e sumarento de teu perfil levemente cuidado. Mereces o suor apaixonado. Faço questão de saborear teu mel, luz sobre o rio que te amena, pôr-do-sol, peito do teu olhar. Entretanto, enfim, roleta.
Interrompi o andar e os sonetos que me soavam, o meu queixo estranhou e revirou o olhar direção ao celeste, contemplava tais constelações e orações em ordem a ti. Sim, conheço-te pelo som dos meus passos, a calada e a madrugada de todo tiraram a frescura à memória que sempre que te recordava. Acho que te amo, amores salgados e teu toque avelã, violeta.
sexta-feira, 22 de junho de 2012
Sinto a necessidade de esticar a corda, de romper a conveniência,
todos os números e alfabetos, de rasgar a rotina de críticas
indiferentes, palavras cruzadas e passatempos de introspetivas
magazines- é claro que suspiro e engulo todas as incertezas e entranhas
do meu seco acordar. Leva-me, toca-me... Ou não, restrinjo todas as
possibilidades, ou não, calo todas as gotas que questionam o meu estado
matinal, ou não, evito pensar no assunto, ou não, quero-te acima de
tudo, ou não, que assaltem as moscas e todos os insetos repugnantes a
minha mente sedenta pelo fruto que és, ou não, assisto à minha
componente de queda.
A água, o momento ocorrido em muitos, mas em muitos ignorado, a
crítica infiel, o palhaço do circo da nossa infância. O cravo por muitos
adorado, a inocência mais conveniente, a humildade mais modesta, a
oportunidade ausentada e os oportunistas da razão, a chaminé de todas as
almas, a dança. A emoção já calada, a palavra então assustada, um café
mais amargo, muitas ondas e marés de orgulho à indiferença, e o orgulho
por indiferença decapitado. Linhas paralelas, direções opostas, rumos
intocáveis, o segundo demorado, a identidade desfeita. O contraditório e
a redundância absoluta, a lógica decadente; miragem, cai a última folha
de Outono, já nem te vejo: estou cego, estou cego...
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