quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Nomearam-me réu- como se fosse um triunfo de legado admirável- pela tamanha negligência ao seu culto. Os sedimentos populares mais alienados e cegos edificaram-nos como deuses, embora se lamentassem perdidos por cada esquina de sarjeta...


Aí encontramos a insuficiência psíquica dos perdidos edificados pelos deuses- a mesma por que fui ostracizado, de contrapô-la, largando uns versos em jeito de prosa.
Frases num nexo anteriormente percebidos, agora ignorados. Somos parte de uma massa incomensurável de desânimo. Somos os elegidamente tristes. Somos incomodamente tristes, agarrados a impurezas, a minérios redescobertos de uma matéria fina que abdicámos...salgadamente fina... Não deixamos a vileza ou a despojamos...isso jamais!
Saúdem os sensos caducados! É deles o nosso carbónico problema de expressão, os esqueletos e a deteoração pousados sobrepostos no guarda-vestidos mais próximo...

domingo, 15 de junho de 2014

Tive uma existência virtual, onde fora de virtualidades fui drenando as virtudes virtuais dos outros...(mas enfim, as convencionalidades obrigam-me a que não considere qualquer virtualidade à existência). Mesmo assim, corrompido em mim mesmo, esgotado nos espelhos que já me miraram, culpo-me por enodoar- apesar de ter obedecido à inocência virtual da existência- cada ilusório vulto que se me intercalou sensitivamente, quando vilmente iludidos, pensaram exposto diante de suas sensações mais um exemplar de virtude das convencionalidades dos outros...
Sacramentos desnecessários quando no instante mais precoce expelimos as sincronias do mundo: erróneo, sucumbi a minha pele aos pedaços para debaixo do tapete das etiquetas que me sentenciaram... Faleço, amanhã tratarei de morrer na íntegra.

sexta-feira, 7 de março de 2014

É meu dever escrever-te sem névoa,
é meu dever lançar as Luas ao mar,
equipar um coração para a alvorada
e desenhar um corpo no desembarque.

Porque recortar a luz é egoísta,
e o amor só pode ser descrito sobre vernáculos sem bruma-
ninguém espera que as águas obedeçam à serra
nem que as serras desabem todas juntas.

Como é indolor a paixão pelo deserto,
como me sinto capaz de resvalar em toda a parte...
Suspendo o meu golpe sobre as salinas
e retiro antes da algibeira uma nudez melodia.
O meu lado direito aspira a grandezas volúveis, sempre foi inconsequente nessa matéria; o esquerdo canta corvos e morre nas paredes. Independentemente disso, penso que nenhum deles merecerá a consequência, em seu sentido lato- exato!- ninguém merece ser retaliado por ser vivo e doente. Nós mutilamo-nos de boa vontade, tendemos a isso, benignamente perpetuamos a aflição- nós fazemos isso!- foliamos, quase viralmente, em estigmas de aspereza e fome, quando inegavelmente a pureza foi deixada a nosso dispor, tendemos a isso.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Não deveria funcionar desta insensata maneira:
ninguém deveria compor sendo disforme.
As algibeiras ruíram o chão,
sem pedir autorização, sem marcar um comício.
O aeroporto das lágrimas
nunca suportou a minudência que cultivam os chorosos,
e jamais se dará a entendê-la.
A vida, essa insana condição,
mais que a Lua mente e ilude,
pois quem persiste que diante da vida vive,
no momento em que nasce assim morre.
A vida inviavelmente será vida:
a vida é a morte!-
e passamos uma vida para definir
o que só no lúcido leito de morte apercebemos.
Eu sou o que sempre
de inadiável se enfeitavam
os dias,
eu sou toda a intrepidez
nas léguas
dos campos peninsulares
do Aquém-Oriente, do Semi-Composto...
Da controvérsia que nunca
me fiz,
da relevância que os momentos
nunca contaram-
na conjugação de todas elas-
quero conhecer a minha voz.
Porque temos uma coisa engraçada
de adorarmos ser seres-humanos.
E no cânone da exatidão
com que me corta a inatividade,
adoro o facto de tão inutilmente existir...
e ter a recordação do beijo do mundo
que mais ninguém teve.


Ana...