domingo, 16 de fevereiro de 2014

Não deveria funcionar desta insensata maneira:
ninguém deveria compor sendo disforme.
As algibeiras ruíram o chão,
sem pedir autorização, sem marcar um comício.
O aeroporto das lágrimas
nunca suportou a minudência que cultivam os chorosos,
e jamais se dará a entendê-la.
A vida, essa insana condição,
mais que a Lua mente e ilude,
pois quem persiste que diante da vida vive,
no momento em que nasce assim morre.
A vida inviavelmente será vida:
a vida é a morte!-
e passamos uma vida para definir
o que só no lúcido leito de morte apercebemos.
Eu sou o que sempre
de inadiável se enfeitavam
os dias,
eu sou toda a intrepidez
nas léguas
dos campos peninsulares
do Aquém-Oriente, do Semi-Composto...
Da controvérsia que nunca
me fiz,
da relevância que os momentos
nunca contaram-
na conjugação de todas elas-
quero conhecer a minha voz.
Porque temos uma coisa engraçada
de adorarmos ser seres-humanos.
E no cânone da exatidão
com que me corta a inatividade,
adoro o facto de tão inutilmente existir...
e ter a recordação do beijo do mundo
que mais ninguém teve.


Ana...